quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ouço a dor alheia e não posso evitar o espelho. não a meço. maior? menor? dor é dor. e ouço-a atraves de um mediador que sente culpa pela dor do outro. que culpa? pergunto-lhe e ele no silêncio conta uma culpa imensa sem começo à vista ou onde a vista já não alcança um começo. ouço-o. sinto raiva da culpa que ele sente porque a sei e sei que a culpa não entra aqui. como não entra na minha dor, doi. pronto. viver é um risco e a dor faz parte. como o resto. como a alegria. ninguém diz que é culpado da alegria do outro. ó mesquinho pecado judaico-cristão! coisa que atrofia. a mim doi-me. hoje doi tudo. doi até a dor de não poder fazer nada pela culpa que ele sente, mas não sinto culpa por isso. apenas incapacidade. e sinto-me esponja. vou absorvendo a dor que de lá vem, que não mitiga a minha.

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